A
respiração entre os seres vivos é a prova visível de que eles estão presentes
na terra. A respiração é o exercício nobre de receber
e expelir, alternadamente, o ar por meio do movimento dos pulmões.
Quando buscamos respirar Cristo buscamos uma
tarefa comprometedora que, por característica própria daquele que buscamos,
passa pela cruz, pelo calvário da paixão. Assim, para chegarmos a respirar
Cristo em nossas vidas, iniciamos essa aventura pelas nossas ações, nos
dedicando decididamente a imitá-lo em nossos gestos, ações, palavras e também
em nosso jeito de sentir.
Sabemos que neste mundo atual estamos sempre
cheios e ocupados. O primeiro passo para respirar a Cristo é silenciar-se. O
silêncio é fruto do esvaziamento, e é ele que nos torna pessoas orantes, sem
espiritualismos e sim de uma profunda espiritualidade e comunhão com Deus.
O segundo passo para respirar Cristo é nos
comprometermos a dialogar com nossas vozes interiores que tanto nos incomoda,
deixando-nos estressados, preocupados, agitados, deprimidos, cheios de dores. É
olhar para dentro numa atitude de profundo desejo de conversão.
O outro passo é diagnosticar aquilo que temos
carregado. Tantas vezes estamos pesados, temos nossa vida estagnada por
levarmos tantas coisas desnecessárias. Respirar Cristo é olharmos para nossas
mãos, muitas vezes também pesadas, e soltarmos na areia da vida as inúmeras
pedras que carregamos para serem atiradas nos outros os quais condenamos como
pecadores.
Respirar Cristo é ir ao encontro do que é
estéril em nós. Ir ao encontro daquilo que não tem funcionado daquilo que não
tem frutificado, florescido dentro do nosso coração. É ter a ousadia de um
operário esperançoso que pede ao seu senhor um ano de espera, convicto de que a
partir do adubo jogado em volta a planta se reanimará.
Respirar Cristo é prosseguir no caminho da
vida na construção de uma sociedade solidária, comprometida com o Reino dos
crucificados de nosso tempo. É ter o olhar de Jesus sobre o ladrão arrependido
e oferecer ao mundo possibilidades do paraíso que deve nascer em nós.
Respirar Cristo é esforço, é disponibilidade
é exercício de purificação. É buscarmos a enxergar o mundo do jeito que Cristo
nos olha, nos vê. É celebramos a sua Páscoa junto aos grandes túmulos que
construímos. O medo, a desesperança, a omissão, a indiferença são os lugares
onde o Ressuscitado deve aparecer.
Quando conseguimos dá esses passos
acertadamente ganhamos equilíbrio e nossa oração se torna mais autêntica, e, o
coração mais aberto e disponível.
Quando conseguimos, mesmo com dificuldades
dilatar o nosso coração, nos sintonizamos ao projeto de Deus e assim começamos
a respirar Cristo.
Quem dilata o coração se esvazia. Quem se
esvazia sente falta, a falta preenchida por Deus! Ele esvaziou-se a si mesmo,
assumindo a condição de um servo. Por isso, quem o respira busca viver nestes
tempos o amor, o serviço, o perdão e a gratuidade.
Eis aí o nosso desejo. Eis a nossa vontade,
nossa tarefa, nosso compromisso pascal e nossa missão: dedicarmos decididamente
a fazer com que nossa vida seja respirar Cristo. Amém.
A você feliz e abençoada
Páscoa do Senhor!
Frei
Weisller J. dos Santos, fsma.
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