domingo, 8 de maio de 2011

Devocação Franciscana à Virgem Maria

Maio é mês de Maria!
Para nós, franciscanos, a devoção à Virgem Maria ocupa um dos lugares centrais de nossa espiritualidade.
Francisco iniciou seu movimento em uma pequena igreja, dedicada à Virgem, Santa Maria dos Anjos. Daí a origem do nome de nossa fraternidade.



A mais famosa imagem de São Francisco (veja acima), produzida pelo pintor italiano Cimabue, mostra, não por acaso, o santo ao lado de Nossa Senhora.




Transcrevemos aqui um belo texto de nosso Pai Seráfico São Francisco de Assis, intitulado "Saudação à Mãe de Deus".



Salve, ó senhora,

Rainha santa,

Mãe santa de Deus,

ó Maria,

que sois Virgem feita Igreja,

e escolhida pelo santíssimo Pai celestial,

que vos consagrou com seu santíssimo e dileto Filho e o Espírito Santo Paráclito!

Em vós residiu e reside toda a plenitude da graça

e todo o bem!

Salve, ó palácio do Senhor!

Salve, ó tabernáculo do Senhor!

Salve, ó morada do Senhor!

Salve, ó manto do Senhor!

Salve, ó serva do Senhor!

Salve, ó Mãe do Senhor,

e salve vós todas, ó santas virtudes, derramadas, pela graça e iluminação do Espírito Santo, nos corações dos fiéis, transformando-os de infiéis em fiéis do Senhor!

Frei José Carlos Pedroso, Capuchinho, de São Paulo, um dos grandes estudiosos de nossa espiritualidade, comenta esta oração com muita maestria:

"Chamar Nossa Senhora de Virgem feita Igreja é uma das maiores originalidades de São Francisco e demonstra que a viu realmente como uma imagem do Povo de Deus:


Como o povo de Israel, que Deus escolheu entre os mais desconhecidos da terra, Maria era uma virgem quando o Senhor a escolheu: na cultura antiga, não sendo homem nem sendo a mãe ou a esposa de alguém, era fraca, não tinha importância, era nada.



Mas ela foi feita cheia de graça por pura bondade do Senhor, como o povo que era escravo no Egito, e Deus assumiu como sua esposa.



E ela foi a primeira dentro de todo o Povo a receber a plenitude da vida de Deus, essa vida trinitária que Ele quer que chegue a todos.



Nela ficou claro que toda essa união com a divindade transforma-a, eleva-a, mas não absorve sua personalidade nem a tira de sua normalidade, como deve acontecer com todo o povo.



Como deve acontecer com todo o Povo, ela se tornou um novo cristo, uma colaboradora no anúncio do Bem (começou com Isabel, passou por Caná, acompanhou Jesus pobre, foi para a casa de João...).



Por tudo isso, como lembra o magnífico capítulo 8 da Lumen Gentium, Maria merece, muito mais que Eva, ser chamada a "Mãe dos Viventes". Francisco preferiu chamá-la Virgem feita Igreja.



Somos nós que temos que fazer o Povo do nosso tempo ir sendo transformado numa Igreja feita Maria. É o nosso campo de trabalho: nossas ações diárias são capazes de construir a comunhão da humanidade.



Para Francisco, Maria é um ponto de chegada muito claro para o Povo: nós vamos ser aquela esposa descendo do céu coroada com doze estrelas. Ele lembrou isso no cântico Ouvi, pobrezinhas!, que escreveu para as clarissas: Porque cada urna será rainha no céu, coroada com a Virgem Maria!



E também o propôs como o ponto mais alto a alcançar no Cântico de Frei Sol: Bem-aventurados os que as suportam em paz, que por vós, Altíssimo, serão coroados!



Mas Francisco e Clara ainda viram Maria como o Povo evangelizador, que assumiu ser o Cristo místico. Viram-na como peregrina acompanhando Jesus pelo mundo, pobre e vivendo de esmola.



Por isso, o Fundador também a fez Advogada da Ordem e pediu que os frades nunca abandonassem a Porciúncula, a casa de Nossa Senhora em que a Ordem nasceu.



A humanidade vai se realizar quando for a Cidade de Deus. Maria é a figura dessa Pátria total e definitiva.

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