segunda-feira, 30 de maio de 2011

Direito a um Meio Ambiente sadio

Aproximando-se o dia do Meio Ambiente, publicamos uma reflexão de Zélia Rogedo. Ela faz parte da Ordem Franciscana Secular e é a atual presidente da Família Franciscana de Minas Gerais. Nossa fraternidade teve a alegria de receber sua visita em nossa casa no último domindo, dia 29 de maio.
O texto aqui apresentado foi extraído desua obra: A Palavra de Deus e os Direitos Humanos: um olhar francisclariano. Mazza Edições Ltda, Belo Horizonte, 2010.



Direito a um meio ambiente sadio

“E Deus viu tudo o que havia feito: e era muito bom” (Gn 1,31)



Você já pensou o quanto a economia, a forma de organização social e política influem no meio ambiente?

Vamos ver: o capitalismo produz milhões de artigos, muitas vezes absolutamente desnecessários. A propaganda pressiona para que as pessoas comprem cada vez mais. Incentiva-se a competição (quem tem o carro último tipo, o mais possante, a última moda, a maior casa, os mais caros eletrodomésticos, etc.). Uns têm demais, outros nada possuem...

Para produzir esta avalanche de bens (ou importar o que foi produzido explorando, muitas vezes, mão de obra barata ou escrava...) provoca-se uma destruição gigantesca da natureza. Depois, toneladas de descartáveis vão entulhar as cidades, os lixões, os rios, os mares, etc.

São Francisco mostrou um caminho que continua muito atual. O carisma franciscano nos fala de viver simplesmente; de partilhar; de aprender a viver com pouco e não esbanjar... Evangelicamente, contesta o consumismo.

Alguns dados: 20% da população mundial controlam e consomem 80% de todos os recursos naturais; há um grande fosso entre os ricos e os pobres.

Mais de mil agentes químicos tóxicos são lançados no solo, no ar e nas águas pelas grandes indústrias e pelas empresas que produzem e usam agrotóxicos.

A divisão perversa entre os muitos ricos e os muito pobres ou miseráveis provoca uma utilização da natureza lesiva para os mais pobres: estes vão construir suas precárias moradias em encostas perigosas, bases de morros inseguros, beira de rios.

Quando acontece uma catástrofe (e quantas vêm acontecendo recentemente no Brasil...) culpa-se a chuva, ou outros fenômenos climáticos. Claro que esses têm influência, mas, na maioria das vezes, as tragédias poderiam ser prevenidas se a sociedade fosse organizada de forma mais justa.

Uma visão alternativa, bem dentro da espiritualidade franciscana, está expressa na CARTA DA TERRA. O Espírito da Carta da Terra, resumidamente, consiste em: respeitar e cuidar da comunidade da vida; respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade; cuidar da comunidade davida com compreensão, compaixão e amor; construir sociedades democráticas (justas, pacíficas, participativas e sustentáveis); assegurar a generosidade e a beleza da Terra paraas atuais e futuras gerações. Que beleza, não é?

Esta visão ensina-nos a conviver com respeito e reverência na relação com todos os seres criados por Deus: cuidado com a terra, a água, os animais; cuidado com os seres humanos, esses milhões de irmãos nossos vivendo na miséria...

O mundo é lugar sagrado. A graça de Deus embebe cada lugar, cada ser, cada relação. A encarnação do Cristo santificou tudo. Esta consciência fez de Francisco e Clara seres absolutamente integrados com toda a obra da Criação. Quando Francisco diz “Meu Deus e meu tudo”, fica clara esta consciência da presença de Deus e que tudo está imerso nele... fica compreensível esta comunhão de vida entre cada ser criado e entre estes e o Criador.

Graças a Deus, as pessoas estão cada vez mais conscientes de que também fazemos parte da Criação...

A Constituição Brasileira diz em seu artigo 225: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Então: é dever de todos nós (do governo, de cada pessoa, de instituições, escolas, igrejas, movimentos sociais...) preservar o meio ambiente. Devemos ensinar as crianças e adolescentes a preservá-lo: plantar árvore, não poluir a água, o ar e a terra; evitar a poluição sonora; e lutar para que políticas públicas relativas ao meio ambiente sejam implementadas. Especialmente importante é desenvolvermos uma visão crítica com relação ao consumismo desenfreado a que nos vemos levados!

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