terça-feira, 10 de agosto de 2010

11 de Agosto: Santa Clara de Assis

SANTA CLARA UMA HISTÓRIA DE AMOR

Santa Clara de Assis é considerada uma das maiores figuras femininas da história da Igreja. Nasceu em 1194 na casa paterna da praça de São Rufino, na cidade de Assis, na Itália. Clara filha primogênita, de família abastada, o pai Favorone de Offreduccio pertencia à nobreza de Assis e sua mãe Hortolana dedicava-se intensamente a obras de piedade e caridade, tinha duas irmãs Irnês e Beatriz. Recebeu o nome de Clara porque sua mãe preocupada com o parto rezava diante do Crucifixo, na Igreja de São Rufino, quando uma voz sobre-humana sussurrou-lhe: “Senhora, não tenhas medo, porque darás à luz uma criança, sã e salva, uma luz que resplandecerá com maior claridade do que o pleno dia”. Desde pequena, Clara gostava de ajudar os pobres, da abundância de sua casa supria a indigência de muitos. Para que o sacrifício fosse mais grato a Deus, privava seu próprio corpo de alimentos, enviando-os às ocultas por intermediários aos seus protegidos. Assim cresceu a misericórdia com ela desde a infância e tinha um coração compassivo, movido pela miséria dos infelizes. Rejeitara o casamento proposto por sua família, porque tinha decidido permanecer na virgindade, por opção pessoal. Aos dezoito anos, era uma jovem de vida cristã exemplar, que a todos edificava, praticava o jejum e a oração. O seguimento de Jesus Cristo era seu objetivo principal e ao ouvir as pregações de São Francisco, que apesar de ser de família rica, tinha feito opção pela pobreza, a quem chamava de Dama Pobreza, propôs em seu coração, também ela, fazer a mesma coisa.

No dia 18 de março de 1212, na noite do Domingo de Ramos, Clara deixou a casa paterna, sabendo que seus pais não aceitariam sua decisão, fugiu e foi ao encontro de Francisco e de seus frades na pequena igreja de Santa Maria dos Anjos, fora dos muros da cidade de Assis. Ali perto, em meio ao bosque, o primeiro grupo de Frades Menores havia fixado sua morada. Depois de cortar os cabelos e trocar os ricos trajes pelas vestes da penitência, foi levada por Francisco para o Mosteiro de São Paulo das Abadessas. Era um mosteiro beneditino, próximo de Assis, famoso por seu poder e por reunir monjas da mais alta nobreza da região. Clara como nobre poderia ser monja, no entanto vendeu toda sua herança, ou seja, dote, dando tudo aos pobres. Clara renunciou à própria condição social para ingressar no mosteiro apenas na qualidade de serva. Algum tempo depois Francisco resolveu iniciar um grupo novo em São Damião, formados por mulheres, tendo escrito para elas uma forma de vida. São Damião destacou-se em dois aspectos: a irmandade e a pobreza. Surgiu assim a nova Ordem das Damas Pobres, também chamadas Clarissas. As Damas Pobres, assumiram, de fato, a condição social dos pobres, compartilhando a sorte dos que estavam à margem da sociedade da época. Seu exemplo atraiu muitas outras jovens e senhoras, dentro e fora de Assis. Além da Irmã Inês, também canonizada, seguiram-na a outra irmã Beatriz, e a própria mãe após ficar viúva. O projeto de vida Clariana tem na pobreza suas mais profunda identidade. Clara temendo que após a morte de Francisco, pai espiritual da comunidade, bem como a fragilidade humana das irmãs que viriam depois dela, declina-se de viver em absoluta pobreza, solicitou ao Papa Inocêncio III, o “Privilégio da Pobreza”, isto é o direito de nada possuir, que foi concedido à comunidade de São Damião, em 1216. Santa Clara deixou por escritos os seguintes documentos: a Regra de Vida ou Forma de Vida (inscrita para Irmãs Pobres de São Damião), o Testamento (inscrito no final de sua vida), a Bênção (inspirada no livro dos números) e cinco cartas enviadas a Inês de Praga (do Mosteiro para Irmãs pobres construindo em Praga) e Ermentrudes de Bruges.

A Forma de Vida Clariana tem como fontes principais a Sagrada Escritura e a regra de São Francisco para os Frades Menores, tendo em sua mais profunda identidade na pobreza e na vivência do evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Buscava na oração e na penitência a força para sua vida espiritual. Clara fazia jejum três dias por semana, fora as abstinências nos outros dias, tendo ficado bastante enferma. São Francisco aconselhou para que ela pelo menos comesse um pãozinho nos três dias de jejum. Eis alguns textos da Regra de Vida para as irmãs de São Damião, que falam sobre vida de oração:

“não extingam o espírito de oração e devoção, ao qual todas as outras coisas temporais devem servir” (RegC 7,2);

“acima de tudo, devem desejar ter o espírito do Senhor e sua santa operação, orar sempre a ele com o coração puro”... (RegC 10,9)

Em 1224, São Francisco recebe os estigmas, ficando cada vez mais debilitada sua saúde, tendo sido conduzido por seus irmãos para se recuperar no Mosteiro de São Damião, onde compõe o Cântico do Irmão Sol. Morre São Francisco, em Assis, no dia 3 de outubro de 1226, deixando uma dor profunda no coração de suas filhas espirituais do Mosteiro de São Damião.

Um triste Natal, cheio de neve e de vento, que deixa os velhos muros do mosteiro de São Damião lívidos e gelados. Clara debilitada pela doença, são 40 longos anos de penitência, de jejuns sem concessões e de rígida disciplina, não encontra forças para ir à igreja e entoar hinos com as irmãs, comemorando o Natal de Jesus Cristo, nosso Senhor.

As irmãs prepararam um presépio, como São Francisco lhe ensinou, por ele imaginado. As irmãs a pedido de Clara foram todas para igreja e ela ficou sozinha. Em seu coração brotou uma angústia e pranto por não poder unir sua voz aos louvores que as irmãs estão cantando a Jesus. Lágrimas escorrem pelo seu pálido rosto e docemente se lamenta com o Senhor. Subitamente, ela tem a sensação de ser levada por mãos invisíveis e conduzida à igreja de São Francisco, onde se celebra solenemente o Natal. Clara participa de toda celebração, recebendo também, entre lágrimas de alegria, a santa comunhão. Quando as irmãs voltaram para o mosteiro e radiantes de alegria, foram para a cela de Clara narrar a bela cerimônia e lamentar sua ausência. Clara com o rosto ilumina, sorri e responde àquelas dóceis filhas: “Louvai o Senhor, irmãs caríssimas, porque não quis deixar-me só neste lugar e enquanto vós rezáveis, eu, por graça de Nosso Senhor Jesus Cristo e por intercessão de meu pai São Francisco, estive presente em sua igreja e participei de toda celebração, inclusive recebi santíssima comunhão”. Recordando este comovente prodígio, em fevereiro de 1958, o Papa Pio XII constituiu Santa Clara patrona da televisão. Em 1240, o Imperador Frederico II, tentava impor sua autoridade por toda península italiana. Certo dia, as tropas ameaçavam invadir o mosteiro de São Damião e Clara de posse do Santíssimo, enfrentou os sarracenos, gente péssima, sedenta de sangue cristão, que desistiu da invasão não só no mosteiro de São Damião, mas também de toda cidade de Assis. Por sua devoção ao Santíssimo Sacramento, Santa Clara sempre aparece nos ícones e imagens como o Santíssimo na mão.

Bibliografia
PIEZARAZZI, Rina Maria, Clara a companheira de Francisco. Paulinas: São Paulo, 1994.

BÁRTOLI, Marco. Clara de Assis. Vozes: Rio de Janeiro, 1998.

PEDROSO, Frei José Carlos Correia. Fontes Clarianas. Loyola: Rio de Janeiro, 1994.

BRUNELLI, Delir. Ele se fez caminho e espelho: o seguimento de Jesus Cristo em Clara de Assis. Vozes: Rio de Janeiro, 1998.

Fonte: http://www.santaclara.org.br/santaclara.html

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