terça-feira, 26 de julho de 2011

Mineração: futuro catastrófico

Em tempos de ameaça à Serra do Brigadeiro, é urgente que façamos uma reflexão acerca de nossas posturas em relação à ação da mineradora em nossa região. Para tal, publicamos aqui, uma reflexão extaída do Boletim número 167 do Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais.

A UNEP (Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente) lançou um novo relatório chamado “Desconectando o uso de recursos naturais e impactos ambientais de crescimento econômico” (1). (Decoupling natural resource use and environmental impacts from economic growth). O relatório apresenta um dado assustador em termos de consumo de recursos naturais no mundo. Se os países industrializados do hemisfério Norte continuarem consumindo como atualmente, e se os países chamados de ‘emergentes’, no hemisfério Sul, continuarem com a tendência de aumento acelerado do consumo, a previsão é de que, em 2050, o mundo consumirá em torno de 140 bilhões de toneladas de minérios, produtos minerais, combustíveis fósseis e biomassa, equivalente a uma quantidade três vezes maior do que o nível atual.



Em termos de minérios, inclusive minerais para construção e indústrias, trata-se de um aumento de consumo de cerca de 25 bilhões de toneladas atualmente para um nível de 75 bilhões de toneladas em 2050. Para piorar, alguns minérios já estão começando a ficar mais escassos, como cobre e ouro, e a requererem volumes sempre maiores de combustíveis fósseis e água limpa para serem processados, aumentando ainda mais a insustentabilidade desse tipo de exploração.


Para que isso não aconteça, o relatório da UNEP afirma que é necessário desconectar a taxa de consumo de recursos naturais da taxa de crescimento econômico, o que tem acontecido, mas de forma muito insuficiente para que possamos falar de uma ‘economia verde’ e de baixo carbono. Significa “fazer mais com menos”, ou seja, congelar o consumo de recursos naturais nos países do Norte e garantir que o consumo nos países ‘emergentes’ siga outro caminho, mais sustentável. Atualmente, os países industrializados do Norte consomem cerca de 4 a 5 vezes mais recursos naturais per capita do que os países pobres.


O cenário menos impactante proposto pelo relatório, mas politicamente o mais difícil para se concretizar, propõe uma redução de dois terços do nível de consumo dos países industrializados do Norte, e um patamar de consumo nos demais países equivalente ao consumo atual. Isso resultaria em um consumo mundial, em 2050, de 50 bilhões de toneladas de recursos naturais, o nível de consumo do ano 2000. Mesmo assim, os autores apontam que esse cenário ainda é insuficiente, por exemplo, em termos de combate às mudanças climáticas. Afirmam que ‘Estes cenários desafiam nosso pensamento atual e os pressupostos do desenvolvimento’.


Segundo o relatório, se os investimentos nos países “são feitos hoje de tal forma que mantém a humanidade presa a um caminho de crescimento intensivo conforme a lógica do ‘business-as-usual’ ou ligeiramente melhor, os riscos de cair em restrições ecológicas e de fornecimento vão piorar”. Nesse sentido, a UNEP pretende trabalhar em próximos relatórios os temas de eficiência de uso de recursos e alternativas viáveis. Desse relatório, fica evidente que esse é o melhor caminho, não a continuidade da ilimitada exploração de minérios.




http://www.unep.org/resourcepanel/Publications/Decoupling/tabid/56048/Default.aspx


Boletim número 167 do Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais


EcoDebate, 14/07/2011

Um comentário:

  1. apoiado. moro na regiao do alto paranapanema aki no estado de SP. Essa região já ficou conhecida la por 1680 como as Minas do Paranapanema... história longa de garimpeiros com seus escravos desbravando a serra do paranapiacaba através do rio ribeira a procura de ouro... Hoje é a busca do calcário para o feitio do cimento, ramo empresarial no país que forma um cartel. Vários buracos enormes foram feitos... e até agora nenhuma recuperação de área degradada... isso porque a empresa mais velha atuando tem lavras autorizadas aki em Ribeirão grande/SP desde 1974 pelo governo Geisel. Tem uma mineradora que poluiu tanto o ar do local da minha explorada em busca de cal que a maioria do pessoal do bairro rural dali estava tendo problemas respiratório. Houve exames e provas de q o problema de saúde se dava pela poeira de cal. Numa foto tirada de cima deste local (gogole heart) parece que tem neve ali... Onde esta a fiscalziação?

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